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A bandeira azul nas praias brasileiras e seu papel estratégico na COP30

Bandeira azul nas praias brasileiras para a COP30
A presença da Bandeira Azul em dezenas de praias e marinas brasileiras não é somente motivo de orgulho nacional. Foto: FEE International (CC BY-NC 2.0)

A conquista da certificação internacional “Bandeira Azul” por dezenas de praias e marinas brasileiras assume relevância além do turismo: ela se torna peça-chave na agenda de sustentabilidade e clima que será debatida na COP30, em Belém (PA). Este selo não somente reconhece qualidade ambiental e gestão costeira eficaz, como também se conecta diretamente com as metas globais de oceanos, turismo responsável e
economia verde.

O que é a Bandeira Azul

O programa Bandeira Azul é uma premiação internacional voltada a praias, marinas e embarcações que cumprem critérios rigorosos de qualidade da água, educação ambiental, segurança, infraestrutura e gestão do meio ambiente. As áreas reconhecidas recebem a bandeira como símbolo de que permanecem entre os destinos costeiros mais bem preparados para receber visitantes de forma sustentável e responsável. Receber esse selo implica compromisso contínuo, não basta uma certificação única — há auditorias, relatórios e manutenção de padrões.

Brasil e o novo patamar de turismo sustentável

Na temporada 2025/2026, o Brasil alcançou um marco significativo ao obter o selo Bandeira Azul em 60 destinos — sendo 50 praias e 10 marinas. Esse resultado reafirma o país como líder sul-americano em turismo de praia sustentável. A conquista está fortemente conectada à qualificação dessas áreas como “laboratórios” de práticas de conservação, gestão costeira e engajamento comunitário.

Estados como Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Alagoas se destacam na lista de destinos certificados. A ampliação da certificação ocorre em um momento em que o turismo de sol e mar deseja se reerguer com padrões elevados de sustentabilidade, e o selo representa vantagem competitiva para esses locais na atração de visitantes nacionais e internacionais.

A conexão com a COP30 e o horizonte climático

A COP30, que será realizada em Belém, coloca a Amazônia, os oceanos e a região costeira brasileira no centro dos debates globais. Nesse contexto, as praias certificadas com a Bandeira Azul passam a integrar uma narrativa maior: a de que turismo, conservação marinha e clima estão interligados. A excelência desses destinos pode servir de exemplo internacional para políticas de ação costeira, adaptação às mudanças climáticas e economia circular nos litorais.

Por isso, o reconhecimento dessas praias torna-se estratégico: quando o Brasil apresenta dezenas de locais com selo internacional, ele afirma não somente um compromisso simbólico, mas evidencia capacidades de gestão ambiental que dialogam diretamente com os temas da conferência, como proteção dos oceanos, turismo sustentável, cidades costeiras resilientes e engajamento comunitário.

Por que a certificação importa no nível local

Para cada município que obtém a Bandeira Azul, o selo acarreta impactos reais. Em primeiro lugar, a qualidade da água e a infraestrutura melhoradas favorecem a saúde pública e atraem turistas, gerando retorno econômico. Em segundo lugar, a exigência de educação ambiental e envolvimento da comunidade estimula a conscientização, participação ativa dos moradores e fortalecimento das cadeias locais de turismo sustentável. E, por último, a certificação confere visibilidade internacional — turistas cada vez mais escolhem destinos que demonstram compromisso ambiental.

Além disso, para o Brasil, esses locais certificados reforçam que o país tem condições de ser palco de práticas de turismo e meio ambiente alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e às metas de adaptação global. Isso ganha corpo justamente no momento em que a COP30 quer dar protagonismo à agenda de oceanos e regiões costeiras.

Desafios e responsabilidades futuras

Apesar dos avanços, há desafios a enfrentar. A manutenção da certificação exige investimentos contínuos em saneamento, monitoramento da água, acessibilidade, gestão dos resíduos e envolvimento comunitário. Muitas praias ainda operam com infraestrutura precária ou têm risco de retrocesso caso os critérios não sejam renovados. A eficácia desse selo depende da consistência das ações locais — não basta receber o reconhecimento uma vez.

Outra questão é a necessidade de vincular o turismo sustentável a empregos locais, inclusão social e preservação ambiental, de modo que os benefícios não fiquem restritos a nichos ou se revertam em impactos negativos como gentrificação costeira. Nesse sentido, a COP30 oferece oportunidade para inserir esses temas na agenda maior — como “praia e clima”, “cidades costeiras e adaptação” e “turismo com justiça social”.

O legado que pode ser construído

Quando uma conferência mundial de clima exige que os oceanos sejam parte da equação, as praias brasileiras certificadas tornam-se vitrines de soluções possíveis. O programa Bandeira Azul demonstra como critérios concretos — qualidade da água, infraestrutura, educação — são traduzidos em prática. Essa conexão entre local e global tem potencial para gerar legados duradouros: invista-se mais em infraestrutura costeira, turismo comunitário, conservação de mangues, restauração de recifes e uso responsável dos litorais.

Para o cidadão, o que isso significa? Significa escolhas de lazer mais conscientes — escolher destinos certificados, apoiar negócios locais, valorizar o cuidado ambiental. Significa também que políticas públicas podem ganhar reforço pela visibilidade desses selos e pela presença da agenda costeira na COP30.

Conclusão

A presença da Bandeira Azul em dezenas de praias e marinas brasileiras não é somente motivo de orgulho nacional — é um ativo estratégico no momento em que o Brasil sedia a COP30. Essa certificação demonstra que turismo, meio ambiente e clima podem caminhar juntos e que destinos de praia têm papel relevante no cenário global de ação climática. O reto agora é transformar reconhecimento em rotina, garantir que o selo se converta em padrões permanentes e utilizar essa visibilidade para influenciar decisões nacionais e internacionais. Se bem aproveitado, o momento pode significar que as praias brasileiras não sejam somente cenários turísticos, mas protagonistas de uma transformação real e sustentável.


 

 

 

Fontes


 

 

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