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Moraes e Castro se reúnem no Rio em meio a cobranças sobre letalidade policial e governança

Alexandre de Moraes e Cláudio Castro reunidos no Rio de Janeiro
O encontro, que durou duas horas, teve como pauta central o exame da megaoperação policial realizada no estado, conhecida como Operação Contenção. Foto: Divulgação.

Na manhã de
3 de novembro de 2025, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, reuniu-se com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, bem como com integrantes da cúpula de segurança pública estadual, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) no Rio de Janeiro.

O encontro, que durou duas horas, teve como pauta central o exame da megaoperação policial realizada no estado, conhecida como Operação Contenção, e a verificação do cumprimento de determinações judiciais no âmbito da ação estadual de segurança.


Transparência e prestação de contas

Um dos aspectos mais evidentes desse encontro foi a ênfase na transparência institucional. Alexandre de Moraes exigiu do governo estadual dados precisos sobre o efetivo, armamentos, vítimas, presos, uso de câmeras corporais e mecanismos de investigação e controle após a ação.

Essa cobrança decorre das exigências contidas na ação de controle constitucional (ADPF) que trata da letalidade policial no estado. O governador Cláudio Castro, por sua vez, sustentou que a operação respondia à escalada da criminalidade e que o Estado agiu com firmeza diante das organizações criminosas.

Nesse sentido, o encontro pode ser visto como tentativa de equilibrar dois imperativos: o de garantir segurança pública, com atuação enérgica, e o de assegurar os direitos fundamentais, com investigação e controle.


Coordenação institucional e desafios operacionais

Outro subtítulo que se impõe refere-se à governança institucional e aos desafios práticos de coordenar segurança pública, Judiciário e demais poderes. A reunião antecipou que o governo do RJ apresentará relatórios detalhados e que haverá acompanhamento técnico-institucional das medidas adotadas.

No entanto, surge um duplo desafio: por um lado, evitar que o rigor de controle e prestação de contas atrase ou fragilize a ação imediata contra o crime; por outro, garantir que operações de grande escala não operem à margem do direito, com letalidade elevada ou sem transparência. O fato de a reunião ter se iniciado em clima de tensão — segundo fontes — e ter se concluído com uma aproximação entre as partes mostra haver disposição para cooperação, mas também evidencia que o caminho é complexo.


Em linhas gerais, o encontro entre Alexandre de Moraes e Cláudio Castro pode ser interpretado como um momento emblemático de responsabilização institucional: o Judiciário reafirma seu papel de fiscalizador de direitos, enquanto o Executivo estadual reafirma seu papel de agente de segurança. A palavra-chave aqui é responsabilização — por meio de relatórios, auditoria, dados públicos — e a palavra-chave paralela é ação eficaz — atuação firme, mobilização de forças, visibilidade pública do combate à criminalidade.

Contudo, o real teste será o que se sucederá ao encontro: se os relatórios serão entregues de fato, se as operações futuras terão mecanismos de controle efetivo, se haverá abertura à participação da sociedade civil e se a população perceberá tais medidas como legítimas e eficazes. Em última análise, a efetividade da segurança pública passa não somente por quantos agentes são mobilizados ou quantas operações são deflagradas, mas por como essas ações são conduzidas, com que critérios, e sob que controle.

Portanto, o encontro representa um passo relevante rumo à articulação entre poderes no Rio de Janeiro — uma busca por coordenar segurança pública, transparência e direitos humanos. Se esse passo se traduzirá em melhorias concretas, isso dependerá da continuidade, do acompanhamento e da implementação.


Policiais conduzindo presos durante megaoperação no Rio de Janeiro
A Megaoperação do Rio de Janeiro.  Foto Divulgação.

A megaoperação do Rio, conhecida como Operação Contenção, foi uma das maiores ações policiais já realizadas no estado do Rio de Janeiro e teve como objetivo declarado desarticular facções criminosas que atuavam nos complexos da Penha e do Alemão. Mobilizando centenas de agentes das polícias Civil, Militar e especializadas, além de apoio logístico e operações ampliadas, a ação resultou em 121 mortes, entre elas quatro policiais, segundo balanço oficial. 

Houve também prisões, apreensão de armamentos de grosso calibre e ocupação de áreas dominadas pelo crime organizado. A operação gerou forte repercussão nacional por causa não somente do volume de mortes, mas também por denúncias de excessos, uso de força letal, lacunas em câmeras corporais e pela exigência de transparência, procedimentos e assistência às vítimas. Esses fatores motivaram cobranças judiciais e precipitaram o encontro entre o ministro Alexandre de Moraes e o governador Cláudio Castro.

 

 

 

 

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