Entre os
dias 28 e 29 de outubro de 2025, o Estado do Rio de Janeiro deflagrou sua maior
operação policial contra facções criminosas nos complexos da Penha e do Alemão.
Com estimativas variando, o número de mortos alcançou cerca de 117 ou mais
suspeitos e apreensões de armas em escala inédita. O evento ganhou repercussão
nacional e internacional, gerando questionamentos sobre letalidade,
procedimentos e legado para a segurança pública.-min.png)
Para o governo estadual, a operação no Rio representa um divisor de águas. Foto: Antônio Lacerda/EFE
O que ocorreu
A ação,
conduzida pelas forças de segurança estaduais com apoio de unidades especiais e
viaturas blindadas, visou cumprir mandados em dezenas de comunidades dominadas
pela facção Comando Vermelho. Segundo órgãos oficiais, foram apreendidos 93
fuzis — valor considerado recorde para uma única operação no Rio. Além
disso, investigações posteriores indicaram que 117 corpos de suspeitos
mortos já haviam sido identificados e liberados pelo Instituto Médico-Legal
(IML).
Entre os mortos, parte tinha passagens pela polícia ou mandados em aberto, mas a relação completa ainda não foi divulgada.
As forças
de segurança afirmam que a escala da operação — com uso de blindados,
helicópteros e cumprimento massivo de mandados — era necessária para atingir o
aparelho financeiro e logístico da facção. A apreensão de armas de guerra
reforça a narrativa de que a economia armamentista no submundo carioca atingiu
grau de organização instrutor de guerra.%20(2)-min.png)
Entre os mortos, parte tinha passagens pela polícia ou mandados em aberto, mas a relação completa ainda não foi divulgada. Foto: divulgação.
Impactos imediatos e efeitos para a segurança
pública
Para o
governo estadual, a operação representa um divisor de águas. O secretário de
Segurança classifica o resultado como “o maior golpe já dado ao Comando
Vermelho” no Rio. A apreensão massiva de fuzis, estimada em torno de R$ 5
milhões em valor de mercado, é usada como indicador de supremacia logística das
forças policiais.
Para a
população, o efeito foi visível nas ruas: parte dos moradores das comunidades
afetadas relatou sensação de insegurança, com tiroteios, bloqueios e presença
intensa de blindados. Em alguns casos, estabelecimentos fecharam precocemente e
a circulação ficou limitada. Além disso, a liberação dos corpos provocou fila e
demora — o que gerou críticas à gestão da operação e ao atendimento das
famílias.
Controvérsias e questionamentos
Embora as
autoridades insistam que a operação foi dirigida contra criminosos armados, a escala
de mortes e o grau de agressividade acionam alarmes. Organizações de direitos
humanos apontam que a dispersão de fuzis e a letalidade da ação lembram
episódios anteriores no Rio que foram classificados como chacinas. O fato de nenhum
dos mortos ainda ter sido oficialmente identificado como alvo prioritário,
segundo a Defensoria Pública, amplia o debate sobre a proporcionalidade.
Outro
ponto controverso é a falta de transparência sobre os procedimentos
pós-operação: os critérios para liberação dos corpos, o acompanhamento das
famílias e a investigação sobre eventuais excessos ainda são fragmentados. A
imprensa acompanha com atenção se será instaurado procedimento investigativo
rigoroso ou se a narrativa oficial prevalecerá sem contrapartida.
A operação no contexto da segurança fluminense
A
operação ocorre em meio a uma sequência de ações de grande porte no Rio, onde a
violência armada, o tráfico e o domínio de territórios por facções estruturadas
impõem enorme desafio ao Estado. Entretanto, a apreensão recorde de fuzis
indica que o nível de armamento nas comunidades superou há muito o das
corporações policiais em algumas circunstâncias. Essa constatação reforça que a
estratégia de repressão tradicional talvez não seja mais suficiente por si só —
é preciso combinar inteligência, redução de armas, políticas sociais e presença
estatal contínua em áreas vulneráveis.
Além
disso, o evento marca um momento simbólico: o Estado informa que a operação
servirá de exemplo para futuras ações. O ritmo, a escala e os resultados
anunciados buscam transmitir força ao aparato de segurança pública — mas também
acendem o debate sobre eficácia a longo prazo. Reprimir o braço armado não
basta se não houver reconstrução de vínculos sociais, empregos e alternativas
às economias ilícitas.
Legado e próximos passos
O legado
desta megaoperação dependerá de três fatores.
Primeiro: a condução das investigações e a responsabilização de eventuais
excessos. Sem isso, mesmo um resultado expressivo pode ser questionado por
violações de direitos.
Segundo:
a manutenção de presença do Estado nas comunidades após a operação — serviços
públicos, policiamento comunitário, investimentos regionais.
Terceiro:
a articulação com políticas de prevenção, economia sustentável local e
desarmamento de facções.
Para que
a operação não fique somente como espetáculo, é necessário investir em
recuperação territorial e social das regiões onde se deu o confronto.
Comunidades que enfrentam cerco policial precisam de apoio institucional,
programas de segurança participativa e economia alternativa ao tráfico.
Conclusão
A megaoperação no Rio de Janeiro, com números inéditos de apreensões — cerca de
93 fuzis — e 117 mortos liberados até agora, entra para o rol das principais
ações de segurança da história estadual. Coloca a repressão ao crime armado em
evidência e envia sinal de força. No entanto, o verdadeiro teste virá nos
desdobramentos: investigação transparente, justiça para as famílias e
construção de alternativas estruturais que reduzam a potência das facções
armadas. Só assim o impacto desta operação será duradouro e legítimo. A cidade
aguarda não somente uma ação de impacto, mas uma transformação real.
Fontes
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G1 – Corpos de
117 suspeitos mortos em megaoperação no RJ são liberados, diz Defensoria Pública
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/11/02/corpos-de-117-suspeitos-mortos-em-megaoperacao-no-rj-sao-liberados-diz-defensoria-publica.ghtml
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Exame – Operação
Contenção: 93 fuzis apreendidos têm valor estimado de R$ 5 milhões
https://exame.com/brasil/operacao-contencao-93-fuzis-apreendidos-tem-valor-estimado-de-r-5-milhoes/
·
CNN Brasil – Megaoperação
no RJ: após recontagem, número de fuzis apreendidos sobe para 93
https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sudeste/rj/megaoperacao-apos-recontagem-numero-de-fuzis-apreendidos-sobe-para-93/
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