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| O metanol é uma substância química simples, mas com efeitos devastadores para a saúde humana. Foto: Pablo Jacob/Governo de São Paulo. |
O Metanol (CH₃OH) é um álcool simples, incolor, inflamável e com odor levemente alcoólico. Embora possua estrutura próxima à do etanol (o “álcool de consumo”), suas consequências toxicológicas são muito mais graves. Utilizado industrialmente como solvente, na fabricação de combustíveis, na síntese de formaldeído, dentre outros usos, o metanol não destina‑se ao consumo humano. Em casos recentes no Brasil, a substância tornou‑se protagonista de uma grave crise de saúde pública, após sua inclusão ilegal em bebidas alcoólicas adulteradas.
O que é o metanol e por que ele é tão perigoso
Quimicamente,
o metanol é o álcool mais simples. Ele entra no organismo sendo metabolizado
pelo fígado em formaldeído, que por sua vez é convertido em ácido fórmico —
compostos altamente tóxicos e que provocam danos severos, especialmente ao
sistema nervoso central e ao nervo óptico. Enquanto o etanol é transformado em
acetaldeído e depois em ácido acético, relativamente menos tóxico, o
metabolismo do metanol leva à formação de substâncias que inibem a função
mitocondrial, causam acidose metabólica e levam à necrose de neurônios e fibras
ópticas. Efeitos visuais graves, incluindo cegueira permanente, são relatados
mesmo com ingestão de pequenas quantidades.
Estudos
estimam que doses de somente 6 a 10 ml de metanol puro já podem causar
cegueira, e cerca de 30 ml podem ser letais. Esse contraste reforça a gravidade
da exposição a essa substância.
Como o metanol reage no organismo humano
Após ser
ingerido, o metanol é rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal e, via
corrente sanguínea, alcança o fígado. Lá, a enzima álcool‑desidrogenase inicia
sua conversão em formaldeído; em seguida, a aldeído‑desidrogenase transforma‑o
em ácido fórmico. O acúmulo de ácido fórmico no sangue provoca acidose — queda
no pH — e interfere nas mitocôndrias, responsáveis pela geração de energia nas
células.
Os sinais iniciais de intoxicação aparecem geralmente entre 12 e 24 horas
após a ingestão — tornando o quadro silencioso, difícil de associar imediatamente
à bebida ingerida. Sintomas iniciais comuns são dor de cabeça, náuseas,
vômitos, dor abdominal, tontura e visão turva. Em estágios mais avançados,
surgem confusão mental, taquicardia, sudorese, dificuldades respiratórias,
alterações visuais graves ou cegueira. Sem tratamento rápido, pode haver coma,
falência de órgãos e morte.
Identificação do metanol em bebidas e o surto brasileiro
A presença de metanol em bebidas alcoólicas é quase sempre resultado de
adulteração ou falha grave nos processos de produção de destilados. O metanol
possui sabor, cheiro ou cor indistinguíveis do etanol comum, impedindo a
detecção sensorial pelo consumidor. Por esse motivo, a compra de bebidas de
procedência duvidosa é extremamente arriscada.
No Brasil, em 2025, foi registrado um surto de intoxicações por metanol associado ao consumo de bebidas adulteradas. Centenas de notificações foram
registradas até outubro, com dezenas de casos confirmados e múltiplos óbitos. A
maioria dos registros concentrou‑se no estado de São Paulo, seguido por outros
estados. As investigações apontaram para destilados adulterados, uso de metanol
para falsificação de bebidas ou mesmo contaminação de etanol utilizado na
produção de bebidas clandestinas.
Para identificar bebidas possivelmente adulteradas, recomenda‑se verificar
lacres quebrados, rótulos ilegíveis, ausência de selo fiscal ou distribuição em
estabelecimentos sem licença. Contudo, mesmo essas precauções não garantem
segurança total, já que o metanol é inodoro, incolor com sabor semelhante ao
álcool etílico comum.
O que fazer em caso de suspeita de intoxicação
Diante da suspeita de ingestão de metanol — especialmente após consumo de
bebida alcoólica de origem duvidosa — é crucial buscar atendimento médico
imediato. O tratamento em ambiente hospitalar pode incluir administração de
antídotos como o Fomepizol ou etanol terapêutico, além de hemodiálise em casos
graves para remover o metanol e seus metabólitos. Quanto mais cedo iniciar o
tratamento, maiores as chances de reduzir sequelas visuais e neurológicas e
aumentar a probabilidade de recuperação.
Prevenção: dicas práticas para o consumidor
·
Prefira bebidas alcoólicas de origem confiável,
com nota fiscal e selo de procedência.· Evite adquirir bebidas destiladas em estabelecimentos informais ou sem licença.
· Verifique lacre, rótulo, data de validade e conservação da bebida.
· Em caso de sintomas após ingestão de bebida — como visão turva, dor abdominal ou vômitos — procure atendimento de emergência imediatamente e informe o consumo de bebida suspeita.
Conclusão
O metanol é uma substância química simples, mas com efeitos devastadores
para a saúde humana. A ingestão mesmo de pequenas quantidades pode levar à
cegueira, falência orgânica e morte. O surto brasileiro de 2025 evidencia como
a adulteração de bebidas alcoólicas com metanol representa uma crise de saúde
pública. Reconhecer os sinais de intoxicação, evitar bebidas de procedência
duvidosa e buscar atendimento rápido são medidas essenciais para proteção
individual e coletiva. A consciência e a vigilância continuam sendo as melhores
defesas contra esse perigo invisível presente em bebidas adulteradas.
Fontes
- Wikipedia — Metanol
- Wikipedia — Surto de intoxicações por metanol no Brasil em
2025
- Agência Brasil — Metanol: saiba o que é a substância
presente em bebida adulterada
- Clínica Brasil Goiânia — Bebidas adulteradas e metanol:
entenda os riscos.
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