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| Foto Reprodução |
A compreensão das condições mentais é essencial para a promoção da saúde mental e a redução do estigma associado a transtornos psicológicos. E entre os tópicos mais discutidos estão as diferenças entre neurose e psicose.
Tanto a neurose quanto a psicose são categorias diagnósticas que refletem diferentes formas de sofrimento psicológico, mas suas características e formas de manifestação são bastante distintas.
O Que É Neurose?
A neurose é um termo que se refere a uma classe de transtornos mentais que se manifestam por meio de ansiedade, conflitos emocionais e comportamentos disfuncionais, mas sem uma desconexão da realidade. Segundo o Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais, a neurose é entendida como um conflito entre o “Eu” e o “Isso”, onde o indivíduo, ao enfrentar seus desejos e impulsos, busca formas de recalcá-los. Freud, em suas obras, descreveu a neurose como o resultado de tensões internas que afetam a vida cotidiana, mas não levam o sujeito a perder o contato com a realidade.
Os sintomas neuróticos podem incluir fobias, obsessões, compulsões e estados de ansiedade. Portanto, o indivíduo que sofre de neurose geralmente consegue reconhecer sua condição e pode buscar ajuda, mesmo que tenha dificuldades em lidar com suas emoções. A Dr.ᵃ Luciana Silviano Brandão ressalta que “as neuroses se originam de um conflito que, embora doloroso, mantém o sujeito em contato com a realidade”.
O Que É Psicose?
Em contraste, a psicose é uma condição mais grave que envolve uma desconexão da realidade. Os indivíduos em estado psicótico podem experimentar alucinações, delírios e perda de percepção do que é real e do que não é.Freud também discutiu a psicose em seu texto “Neurose e psicose”, publicado em 1924, onde descreveu a psicose como resultado de uma perturbação nas relações entre o “Eu” e o mundo exterior. Na psicose, o “Eu” pode se tornar incapaz de integrar percepções e experiências, levando a uma reinterpretação completa da realidade.
Conforme os especialistas, a psicose pode ser desencadeada por fatores biológicos, como predisposição genética, mas também pode ser influenciada por estressores ambientais. A Dr.ᵃ Ana Paula Gonçalves explica que “na psicose, o sujeito não apenas lida com conflitos internos, mas também com uma ruptura na capacidade de lidar com o mundo ao seu redor”.
Principais Diferenças
A diferença fundamental entre neurose e psicose reside na relação do indivíduo com a realidade. Enquanto as neuroses são caracterizadas por uma luta interna e uma busca por equilíbrio emocional, as psicoses envolvem uma severa distorção da percepção da realidade. Essa distinção é crucial para o diagnóstico e tratamento de cada condição.
1. Contato com a Realidade: indivíduos neuróticos mantêm o contato com a realidade, mesmo que distorcido por suas ansiedades. Já os psicóticos podem não reconhecer que suas percepções estão alteradas, dificultando a busca por tratamento.
2. Sintomas: os sintomas neuróticos frequentemente incluem ansiedade, fobias e comportamentos compulsivos, enquanto os sintomas psicóticos podem incluir alucinações e delírios. Essa diferença nos sintomas é fundamental para o diagnóstico adequado e a implementação de estratégias terapêuticas efetivas.
3. Mecanismos de Defesa: na neurose, mecanismos de defesa como o recalque são comuns, permitindo que o sujeito lide com suas ansiedades. Por outro lado, na psicose, o conceito de foraclusão, introduzido por Lacan, é mais relevante, ao indicar a rejeição de um significante primordial que leva à desconexão da realidade.
4. Tratamento: o tratamento para neurose geralmente envolve psicoterapia, onde o paciente pode explorar seus conflitos internos e desenvolver habilidades de enfrentamento. Já a psicose pode requerer intervenções mais intensivas, incluindo medicação antipsicótica, além de suporte psicoterapêutico.
Conclusão
Entender a diferença entre neurose e psicose é essencial para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz. Ambas as condições apresentam desafios únicos, mas a forma como cada uma se manifesta e afeta o indivíduo é bastante distinta. Enquanto a neurose reflete um conflito interno que pode ser trabalhado em terapia, a psicose indica uma ruptura mais severa que requer uma abordagem multidisciplinar.Portanto, é vital que tanto profissionais de saúde mental quanto a sociedade em geral estejam cientes dessas diferenças. E a educação neste sentido é crucial para promover um ambiente de acolhimento e compreensão, ajudando aqueles que sofrem a buscar a ajuda necessária.
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