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Mercúrio no Ar: Um Perigo Silencioso

Mercúrio no Ar: Um Perigo Silencioso
Foto reprodução

As queimadas têm se tornado um problema ambiental significativo no Brasil e um estudo recente da PUC-Rio revela um aspecto alarmante dessa situação: a alta concentração de mercúrio no ar em áreas afetadas por essas práticas.

A pesquisa, realizada pelo Laboratório de Química Atmosférica da PUC-Rio, mostrou que áreas urbanas e regiões de preservação estão sendo impactadas por níveis preocupantes de mercúrio. Isso, principalmente em locais como Campos dos Goytacazes, onde a queima de cana-de-açúcar é comum.

O Impacto das Queimadas na Concentração de Mercúrio

Conforme o estudo, 63% das amostras de material particulado (PM2.5) coletadas apresentaram concentrações de mercúrio acima dos limites estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O que é especialmente preocupante, pois a exposição a esses poluentes pode causar sérios problemas respiratórios e outras complicações de saúde. A pesquisa indicou ainda que a concentração média de mercúrio em Campos dos Goytacazes era de 169 pg/m³, significativamente superior à da Gávea (81 pg/m³) e do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (110 pg/m³).

Luis Fernando Mendonça da Silva, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, destacou que o Rio de Janeiro, como um dos maiores centros urbanos do Brasil, apresenta características únicas que tornam urgente a investigação dos níveis de poluição. O que ocorre principalmente devido à intensa urbanização e às atividades industriais na região.

A Emissão de Mercúrio e Seus Efeitos na Saúde

A queima de combustíveis fósseis é uma das principais fontes de emissão de mercúrio, o que tem contribuído para o aumento alarmante da concentração desse metal pesado no ar ao longo dos últimos 500 anos.

Tendo isso em vista, um estudo da Universidade de Harvard revelou que a concentração atmosférica de mercúrio aumentou quase sete vezes devido às atividades humanas. Antes, a atmosfera continha aproximadamente 580 megagramas de mercúrio; hoje, esse número saltou para cerca de 4 mil megagramas, com a maioria das emissões advindas da queima de combustíveis fósseis.

A exposição ao mercúrio pode ter efeitos devastadores na saúde humana. Desse modo, especialistas alertam que a inalação desse poluente pode resultar em problemas respiratórios, neurológicos e até cardiovasculares. Igualmente, a Comissão Europeia aponta que a presença do mercúrio no meio ambiente pode afetar não apenas a saúde humana, mas também a fauna e flora, criando um ciclo vicioso de contaminação.

Pesquisadores como a professora Adriana Gioda, da PUC-Rio, enfatizam que as queimadas não apenas liberam partículas tóxicas, mas também mercúrio, um metal altamente tóxico que pode acumular-se em organismos vivos e causar sérios problemas de saúde. Ou seja, a poluição do ar provocada por queimadas, combinada com outros poluentes, pode agravar ainda mais as condições respiratórias, especialmente em populações vulneráveis, como crianças e idosos.

Prevenção e Ações Necessárias

Diante desse cenário alarmante, é crucial adotar medidas de prevenção para mitigar os efeitos da poluição por mercúrio. Por isso, aqui estão algumas ações que podem ser implementadas:

1. Educação e Conscientização: informar a população sobre os riscos associados ao mercúrio e às queimadas é fundamental. Campanhas educativas podem ajudar a conscientizar sobre a importância de evitar queimadas e a proteger a saúde.

2. Monitoramento da Qualidade do Ar: a implementação de sistemas de monitoramento da qualidade do ar é essencial para identificar áreas com altos níveis de poluição e alertar a população sobre os riscos.

3. Políticas Públicas: é necessário que as autoridades criem e implementem políticas rigorosas para controlar as queimadas e reduzir as emissões de mercúrio. Isso pode incluir incentivos para práticas agrícolas sustentáveis que não dependam da queima de biomassa.

4. Apoio à Pesquisa: investir em pesquisas que busquem entender melhor a dinâmica do mercúrio no meio ambiente e suas implicações para a saúde pública é fundamental para desenvolver estratégias eficazes de mitigação.

5. Ações Comunitárias: incentivar a participação da comunidade em ações de preservação ambiental pode ser uma forma eficaz de reduzir as queimadas e, consequentemente, a emissão de mercúrio.

Em conclusão, a crescente concentração de mercúrio no ar, exacerbada por queimadas, representa um sério risco à saúde pública. Ademais, a conscientização e a implementação de medidas preventivas são essenciais para proteger a população e o meio ambiente. E enfim, é fundamental que todos nós façamos a nossa parte para enfrentar esse desafio.

 

 

 

Fontes:

DiárioCarioca

Galileu

Agência Europeia do Ambiente

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